2016 – Atual
Do Mediterrâneo helenizado às plagas luso-tupiniquins: proposta de tradução dos poemas eróticos da Antologia Grega ou Palatina em metro português
Descrição: O fim a que nos propomos é a feitura de uma tradução poética, devidamente anotada e comentada, de um certo corpus de poesia antiga, no caso, o livro V da Antologia Grega ou Palatina, todo ele dedicado à poesia erótica de autoria de gama extremamente variada de poetas gregos. Intentamos, com a tradução, atrelar certas preocupações comuns da tradução poética dos clássicos em língua portuguesa, sobretudo quanto às escolhas métricas, à leitura cerrada do verso e de seu substrato semântico, buscando, sempre que possível, manter, em língua portuguesa, o ritmo, as assonâncias, as aliterações, as iconicidades (estas muito comuns por causa do sistema de casos do grego clássico), bem como tropos e figuras do original em grego. Ademais, em dimensão mais poética, é nosso objetivo perceber a ressonância das tópicas eróticas da poesia epigramática helenística em Roma, particularmente na elegia.
A arqueologia do romance: os antecedentes antigos do romanesco
Descrição: O presente projeto de pesquisa tem como fim precípuo perfazer espécie de arqueologia do romance; rastrear, na Antiguidade grega e romana, os antecedentes do gênero. Não necessariamente, porém, nos restringiremos, como ocorre amiúde, aos limites da epopeia homérica ou do romance grego, da época conhecida frequentemente como Segunda Sofística, para estabelecer aí as raízes do romance, ou pelo menos do que há de ser o gênero para nós modernos, ainda que não se lhes negue, evidentemente, o papel de fundamental importância que desempenharam para a formação do romance. A hipótese que tentaremos apresentar é um tanto diversa e, ao mesmo tempo, mais ampla: que, para seu desenvolvimento, o gênero não dependera só do epos antigo (diga-se aqui homérico) ou de autores como Apuleio e Petrônio, mas também e sobretudo de uma série de características que paulatinamente se consolidaram no mundo antigo, em gêneros de ordem vária, como a Sátira, a Lírica, a Elegia, a Epistolografia, o Diálogo Filosófico de cuja paródia Luciano de Samósata fora, no século II d.C., o maior expoente e a Épica inclusive, desde pelo menos o período helenístico, momento da desagregação da pólis; e, com sua implosão, do fim do caráter totalizador e plurividente da epopeia de base homérica. Ora, as fissuras que os gêneros mencionados começaram a revelar sob o lustre da realidade cotidiana, mediante temas, motivos e estratégias narrativas que engendraram, foram responsáveis por constituir uma memória, certo repertório de loci communes, que em função de séculos de gestação ajudaram a moldar as bases do romance.