O Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos da Linguagem constituiu-se a partir da iniciativa do Departamento de Letras da UFOP e teve a sua proposta concretizada com a aprovação da Resolução CEPE-UFOP 3.551, em 11 de março de 2009. No mesmo ano, a CAPES, na 108ª Reunião do seu Conselho Técnico Científico, aprovou a criação do Programa em nível de Mestrado Acadêmico. O início das atividades de ensino e pesquisa ocorreu em março de 2010. Foram ofertadas 15 vagas para discentes no primeiro processo seletivo, mantendo-se a mesma quantidade até a seleção de 2013 para ingresso em 2014. A partir da seleção de 2014 até a seleção de 2016 (com entrada em 2017), o Programa aumentou o número de vagas para 18. A Universidade, em 2017, orientou uma política de incentivo aos pesquisadores por meio de sua produtividade e impacto de suas pesquisas, e o POSLETRAS conseguiu oferecer maior número de vaga: um total de 30 (seja com entrada em 2018, seja em 2019) por meio de edital em seleção anual.
A confluência de ideias e definições políticas, a diversidade cultural e a riqueza das práticas religiosas, além da busca de minerais, contribuíram para que Mariana e Ouro Preto se tornassem a região mais importante das Minas Gerais durante os séculos XVIII e XIX. Para essas duas cidades, convergiram, certamente, atitudes, gestos e inquietações das mais representativas da sociedade brasileira, no período colonial e durante o Império, mas também significativas das práticas e do pensamento intelectual oriundo de países da Europa, da África e mesmo da América. Em decorrência, aqui se formaram acervos privilegiados para se conhecer um pouco das relações sociais, linguísticas e literárias, das crenças e do imaginário sociodiscursivo predominante no período.
A implantação do curso de Mestrado nessa área e seu fortalecimento representa, pois, uma oportunidade de consolidar a pesquisa na região, explorando sua rica matéria-prima, mas ainda por lapidar. Há de se ressaltar que tal implantação e manutenção se revestem de significância, dado serem esses arquivos explorados por pesquisadores de outras regiões, ou mesmo inexplorados, já que as pessoas que não são do local, tampouco estão inteiradas de sua riqueza e da sua importância cultural, sequer têm conhecimento das possibilidades de pesquisa que ele abriga. A possibilidade que o curso oferece de empreender ainda estudos de crítica textual, visando a preservar um vasto patrimônio literário e também de documentos do período moderno da Língua Portuguesa, constitui outro fator que vem agregar a necessidade iminente de a Universidade Federal de Ouro Preto consolidar, nesta região que lhe abriga e sobre a qual exerce vasta influência, a sua ação, que se pauta no ensino de qualidade, no fomento da pesquisa e da extensão. Embora o curso de graduação em Letras já desenvolva pesquisas que buscam explorar o potencial desses acervos, tanto na iniciação científica quanto nas monografias de bacharelado, os corpos docente e discente careciam de uma oportunidade de continuar essas pesquisas, já que os estudos empreendidos esgotavam seu nível de profundidade no âmbito da graduação. Cabe ressaltar ainda a demanda por um curso de pós-graduação stricto sensu existente não apenas nas cidades de Mariana e de Ouro Preto, mas também naquelas da Região dos Inconfidentes e dos municípios próximos, daí a necessidade da ampliação e manutenção.
Da mesma forma que vem atendendo alunos oriundos de cidades próximas, onde não existe ainda o curso de graduação em Letras, a Universidade Federal de Ouro Preto atende à demanda dessas localidades em nível de pós-graduação. Fica, assim, confirmado o impacto positivo que o curso aqui proposto tem sobre a região. O Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), onde funciona o Mestrado em Letras: Estudos da Linguagem, encontra distante a mais de 100 km de outras instituições de ensino superior que já se oferecem cursos de pós-graduação stricto sensu em Letras, nas quais, ressalte-se, não se encontram linhas de pesquisa semelhantes àquelas aqui propostas. Em função disso, este Mestrado atrai para a UFOP pesquisadores com um perfil afim às linhas do curso ora apresentado, em especial a Linha 1 – Linguagem e Memória Cultural.
Em função de uma demanda reprimida, em 2017, foi implementada a: Linha 3 – Linguística Aplicada: interfaces entre práticas e teorias em nosso Programa. Esta linha incorpora a linguística aplicada em suas diferentes perspectivas. Aborda o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa e de línguas estrangeiras nos diversos níveis de ensino. Os pesquisadores envolvidos nesta linha de pesquisa desenvolvem estudos entre diversas instâncias da vida social e linguagem, tais como: letramentos, interações no ensino e aprendizado; práticas de ensino; política linguística, formação de professores; análise de materiais didáticos; aquisição de linguagem, processos de leitura e produção textual, reflexão linguística e novas abordagens no ensino da gramática e gêneros textuais discursivos, bem como avaliação de ensino e formação de tradutores.
Em 2021, com o credenciamento de novos professores e em razão dos processos de avaliação internos, as linhas de pesquisa recebem uma nova nomenclatura (veja mais aqui): Linha 1 – Literatura, Memória e Cultura; Linha 2 – Estudos Linguísticos, Estudos da Tradução e patrimônio cultural; Linha 3 – Linguagem, Prática Social, Processo Educativo. Nessa reformulação, as pesquisas em literatura e sua interface com outras manifestações da cultura e da vida social estão separadas na linha1; os estudos ligados ao patrimônio cultural se encontram abrigados agora na linha 2; e a linguística aplicada se apresenta de forma mais ampla na linha 3.