Projetos de Pesquisa Alex Beigui

2021 – Atual

Do mito ao plágio inventivo: possibilidades de reescritas, remodelagens discursivas e performativas

A ação de escrita associa-se diretamente à ação de leitura e de estados de recepção, o que inclui o histórico e a transposição temporal sobre o extrato textual, a sua ?geografia? cultural e política a partir de uma ?comparação diferencial?, isto é, diferenças discursivas (verbais, não-verbais, gestuais, icônicas, simbólicas), presentes entre linguagens distintas (literária, cênica, audiovisual, coreográfica, performática/performativa, pictórica, escultural etc..). Desse modo, além do registro textual (obra escrita), canonizada ou marginalizada, faz-se urgente pensar a reescritura e a apropriação não apenas a partir de uma abordagem comparada tradicional em que se pese, sobretudo, pensar os níveis de proximidade entre o texto referente e os textos recriados, mas e, sobretudo, pensá-las através de uma comparação diferencial, cuja capacidade do mito extrapola o campo estético e adentra-se no espaço expandido do político e do social, ampliando em muito as possibilidades interdiscursivas. A ideia de diferença, nesse contexto, diz respeito à vida do texto na linguagem e na cultura, envolvendo, para além dos aspectos de similitude e de continuidade, aspectos potenciais de desvio de sentido, das condições e dos intertextos relacionados ao texto referente, transcriação linguística, apropriação do mito, e configuração cultural do texto em outra língua e em outros dispositivos discursivos. Nessa perspectiva, o mito é visto como Fênix que sustenta a proliferação de dispositivos e agenciamentos, acentuando sua representação estética, social, política, bem como atualizando seus modos de remodelagem e de leitura em diferentes contextos. Sob esse prisma, Antígona tornou-se um dos temas/dispositivos mais recorrentes dentro das artes, da filosofia e da história, fato que se deve, em muito, a capacidade migratória, regenerativa, apropriativa e expropriativa do mito. Acreditamos que Antígona, enquanto mito, abre no espaço da investigação que pretendemos desenvolver um campo fértil de estudos em diferentes campos, a saber: da tradução; do teatral; do cinematográfico, do performático, da remodelagem e do que cunhamos por ora de ?plágio inventivo?. O projeto integra a Pesquisa "Apropriações de textos clássicos para cena contemporânea" e está ligado ao DRAMATIC - Grupo de Pesquisa em Dramaturgia: Teorias, Intermídias e Cena Cultural e ao CLE - Centre de Langues et littératures européennes comparées da Université de Lausanne - Suíça. O projeto foi contemplado com bolsa de Iniciação Científica do CNPq.