2021 – Atual
Caminhos de memórias nas literaturas: olhares atravessados pela decolonialidade
A literatura brasileira contemporânea vem sendo produzida por diversos sujeitos que historicamente se viram privados dos direitos de ser, de estar, de existir, de produzir artes e conhecimentos. Indígenas, mulheres negras, homens negros, LGBTQIs, deficientes visuais, entre tantos outros sujeitos subalternizados ao longo da história. Eles estão a produzir literatura, arte e política. Na contemporaneidade, sobretudo, a literatura tem um papel político evidente diante da memória, um lugar de questionamento do status quo estabelecido ao longo dos séculos. E é diante desse lugar político da literatura enquanto o perscrutar os passados para se reescrever o presente que nasce esse projeto. Por esse motivo, o caminho teórico-crítico escolhido é o da decolonialidade, uma vez que se trata de um modo de abordagem crítica cultural surgido na América Latina no início do século XXI com intuito de se investigar, desvelar e subverter os variados modos de colonialidade nos processos de colonização dos países de língua portuguesa. O mérito dessa propositiva assume importância ainda maior quando compreendemos, junto com Porto-Gonçalves (2005, p. 3), que além das desigualdades e injustiças sociais provenientes do legado colonialista e imperialista ?... há um legado epistemológico do eurocentrismo que nos impede de compreender o mundo a partir do próprio mundo em que vivemos e das epistemes que lhes são próprias?